terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Sair, do casco.

Sentia algo frio, como se houvesse posto um gelo sobre suas costas que ao derreter escorria até sua ultima unha do ultimo dedo. Seu pé gelaria e logo depois não sentiria mais nada. Nem dor, nem pressão, nem formigamento. Era uma explosão de sentimentos abstratos dentro do peito, da cabeça, dos poros. Colocava a melhor musica que se encontrasse ali, fechava os olhos e sentia medo. Em seguida calafrios, arrepios sobre sua pele branca de maçãs vermelhas. Era uma sensação estranha, de coragem, de conquista. De perda, de falta, de fracasso. Como se fugisse de tudo, como se seguisse em frente deixando para trás todas as sobras e tudo aquilo que tinha vivido. Mas já se tinham passado 17 anos desde a primeira vez. Era preciso um pouco de ousadia. Todo mundo precisaria de um pouco de ousadia. Dar ou não dar o passo maior do que a perna alcança? Não se sentiria um fracasso, era fortaleza. Precisou de coragem, do primeiro até o ultimo dia. Coragem de seguir em frente com um coração apertado, amuado e solitário. Ela seguiria em frente sim, mas não ousaria o esquecimento. Tudo que tenha acrescentado algo estaria sempre presente em sua vida. Abriu os olhos e se encontrou naquela sala que a sufocava e a fazia tremer de frio. Abriu os olhos e de um lado avistava ao longe uma vida de ondas, de novidades e de coragem. E do outro a mesmice de sempre, mas o lar, a segurança e o afeto. Resolveu deixar as pálpebras descansarem. Apenas suspirou fundo e pensou bem de leve, bem pequeno e bem fundo: O caminho que tiver mais coração, eu sigo. E seguiu, agarrou a coragem, a mochila e todas as memórias. Colocou uma ultima rosa dentro do livro que carregava nas mãos. Olhou para trás uma ultima vez e seguiu poeira com seus tênis rasgados e cheio de vida. Ultrapassar barreiras, quebrar barreiras, descobrir o mundo. Ela precisava e estava agora.. saindo do casco.

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