domingo, 13 de maio de 2012

Ainda era cedo. Ou talvez fosse tarde demais.


Ainda era cedo. Ou talvez fosse tarde demais.. De certa forma eu teria que resolver isso. Logo eu, que nunca resolve, que nunca quer, que nunca sabe. Eu me bati de frente comigo mesma. Como se em um sonho eu pudesse me observar. O ódio e o amor intercalados. Meus olhos estavam ofuscados pra perceber o que acontecia realmente. Mas eu já sabia.. a muito tempo eu soube. O gelo tinha sido queimado. E as chamas e a fumaça me sufocavam. Eu não conseguia ver a escadas ou como sair de lá. Então você pulou a janela. Eu fiquei. Tudo que eu conseguia ver era sua camiseta xadrez dobrando a próxima esquina. Ficamos eu, a fumaça e o fogo. Naquela noite eu havia mudado e entendido o que todo mundo falava por aí. Meu coração não batia forte. E aos poucos eu ia fechando os olhos e parando de respirar. Aquela merda ia acabar comigo. Todos estavam presentes e gritando pra eu pular. Mas eu tinha que permanecer no chão. Ofegante eu tinha que ficar lutando contra mim mesma e contra meus erros anotados no papel. Não era só o gelo que derretia. Eu também derretia e queimava ao mesmo tempo.
As coisas tinham mudado no instante em que eu resolvi sair da casca. Amor sempre me deu um pouco de medo, mas sempre foi tão bom. Então eu saí, peguei um pouco de sol e escondi no fundo do meu peito a rivalidade toda que eu tinha em cima de sentimentos. Você pegou suas coisas e foi embora sem trancar a porta, pelo prazer de me ver te assistindo enquanto eu ficava sentada na escada pensando aonde foi que nos perdemos. Quando foi que começamos a nos machucar desse jeito. Era tarde demais, eu estava derretida e sensível como uma mulherzinha. Você estava forte e durão como um homem de verdade. Trocamos os papeis por alguns instantes. Eu já não conseguia viver assim, quebrando barreiras, arrancando paredes e pulando muros pra poder sentir alguma coisa. Eu nunca quis ficar. Nunca quis ver um filme junto e nunca quis uma casa só nossa. Nunca pensei nas crianças correndo de meia pela casa e nunca mandei uma carta. Porque eu queria me focar no que estávamos fazendo. Mas eu nunca disse que algum dia não pensaria nisso. Ninguém tinha sido culpado. Eu só lavava as roupas e você dirigia o carro. Essa monotonia e esse silêncio acabavam comigo todos os dias. Ou talvez não fizesse diferença mais.
Dizem por aí que quem planta colhe. Eu estava colhendo. Porem ninguém me conhecia. Mais do que ver eu enxergava. As coisas estavam fora do lugar á muito tempo. Eu tinha aprendido o que é querer algo que eu não tenho. Você tinha aprendido o quanto era difícil lidar com alguém que não te deixa ficar até as 7h da manhã na cama. Hoje tinha sido o primeiro dia, do nosso ultimo dia. Eu ainda tinha alguns cigarros e uns livros bons por aqui e eu ficaria bem com isso. Eu ainda escutava Boston enquanto escrevia. E me perguntava aonde eu ia acabar agora? Se essa era mesmo a ultima vez e se amanhã eu não voltaria de malas e cuia pra tua porta. Me perguntava se eu poderia arrumar e concertar. Se quem sabe a gente tentasse só mais uma vez. Mas eu já tinha dito antes. As cores jamais voltariam a se juntar.
Eu sentia uma dor que eu não entendia no peito. Talvez eu precisasse chorar. Eu já não sei como terminar essas palavras. E eu fico olhando essa tela branca com medo do fim. Porque isso é tudo o que eu tenho a oferecer. Essas são as minhas ultimas palavras. Amanhã é outro dia e eu já quase me sinto como antes. As pessoas vêem, invadem e querem derrubar a tua mente. Embaraçar as coisas. Mas no final tudo acaba assim, solitário e vazio. Você tinha ido pra Marte e eu pra Lua. Foi assim que tudo acabou. O que eu pensei que um dia ia me fazer pensar sobre as crianças de meia pela casa. Tinha sido só uma paixão de verão. E assim como eu, o frio estava chegando. Eu queria ao menos lembrar o teu nome, mas tudo que eu lembro é aquela camisa xadrez dobrando a esquina. Espero nunca mais te ver pra nunca mais lembrar que agora eu sou melhor por tua causa. O vento sopra minha janela de vagar, a musica da as ultimas notas e o ‘nós’ se separar e esvairá pelo ar pra sempre. Assim como essas palavras, essa era mais do que uma história, esse era o nosso fim.

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