Primeiro voltei a 5 anos atrás. Acendi um cigarro. Fiz um café. Olhei para os livros empoeirados na estante e pensei que antes isso era coisa rara, coisa de solidão. Agora a seqüência aumenta todos os dias, cada vez mais. Cigarros, café, livros. Ou o mundo virou mais solitário ou então todo mundo gosta da mesma coisa – Mas isso era o que menos importava.
Precisava conversar com alguém. Conversar com alguém que não me traísse com as palavras mais tarde. Conversar com alguém que aceitasse meu choro, sem achar que é só mais um drama mexicano. Nunca me achei dramática, até o dia em que falaram: Chega. Vida boa. Comida boa. Historias pra contar. Frieza no coração. Bebida na mesa.. E estavam certos, vida boa e bebida na mesa. Mas eu me importava mais em viver de verdade, em sangrar de verdade. Do que sair por aí com casca de não-amor. Com casca de vida boa. Eu não era dramática. Mas eu gostava de coisas simples, e eu queria muitas coisas simples o que me fazia parecer exigente demais. Lembro-me bem da ultima vez que senti paz. Sentada no meio da rua olhando as estrelas. Não absurdamente bêbada dançando pagode, com unzinho qualquer.
Eu queria viajar e fui. Sentei nas montanhas. Senti um vento no rosto. Voltei embora com a certeza de que iria ser diferente. Fiz limpeza na casa. No armário. Na pele. Mas faltou a de alma e isso era o importante. Mudei de lugar, troquei de lado na rua. Andei com calçados trocados. Eu estava precisando sair da mesmice uns dias que fosse. Mas voltei a cair. Voltei a chorar todas as noites. Pensava em deitar no teu tumulo e derramar lágrimas pedindo pra que voltasse e me fizesse o café só mais uma vez. Ou que abraçasse só mais uma vez. Mas você não iria me querer assim, tinha orgulho de como eu ria quando ralava o joelho.
Eu ainda caio e levanto sorrindo. Mas o que ninguém sabe é quem em todas as quedas eu perco um pouco de mim. E vou ficando assim, deixando um pedaço em casa chão. Me tornando em um pó frio e lento que o vento leva amanhã ou depois. Parecia impossível voltar a me encontrar.
Machuco tanto sem querer. Quero tanto algumas coisas que nunca quis. Te mando embora e depois sempre fico pensando como seria se tivesse ficado. Penso em conhecer alguém o qual e não saiba exatamente nada. Algum estranho que queira saber minha história e que não precise saber meu nome. Mas hoje as pessoas querem sempre saber demais, investigar demais, aprofundar demais. E nisso, perdem todo o encanto da vida. Da espera. Do mistério que é se encantar por algo que você não conhece. Eu escrevo então, escrevo mal. Escrevo simples, mas consigo dizer o que eu quero.
Ando cansada demais, preguiçosa demais. Enjoada demais. Não sei mais o que fazer com essa coisa aqui dentro. Não sei como terminar com essa brincadeira de ser fria e machucar que nunca pedi que começasse. Queria um amigo sorrindo comigo quando eu estivesse com o cabelo molhado e bagunçado e meu rosto sem maquiagem. Queria então que pudesse rir comigo dos filmes de terror que são cada ano mais patetas. Queria que alguém olhasse pra mim e quisesse me conhecer por dentro, do jeitinho simples e atrapalhado que eu sei ser. Sem querer ir pra cama ou beijar na boca. Talvez você notasse como meu shampoo é bom e não falasse do meu perfume doce. Eu já não sei onde esta o problema. Não quero ouvir que esta apaixonado por mim me conhecendo a duas semana. Mas gostaria de tomar um suco em qualquer lugar, ao invés de me levar comer sushi só pra impressionar. Carência, frieza. Machona. Não sei aonde foi que me perdi, ou então aonde foi que se perderam as pessoas qe ainda observam o por do sol. Ou que caminham no parque por prazer e não pra perder kilos. Talvez aquelas que ainda preferem uma biblioteca ou um museu a ir no SPW. O mundo ta correndo, e eu me sentindo uma velhota. Uma velhota que casou das tequilas do bar. Uma velhota que acredita que ainda se pode dar um beijo e sentir o mundo desaparecer. Uma velhota que tem vida boa, bebida na mesa. Mas que prefere acampar e contar histórias em volta da fogueira. Uma velhota que correria até o inferno por você, e que choraria todas as vezes necessárias se soubesse que isso te faria sorrir. Uma velhota que te levaria ao cinema ou saltar de asa-delta. Uma velhota que imploraria pra ficar.. se realmente essa velhota te amasse. Me dói tuas palavras, me dói saber que as vezes sofre. Mas me dói muito mais saber que você preferia que eu mentisse, a ficar longe de você. Casca e status de fria. Mas que no fundo não quer iludir porque já sabe como dói quando acaba. Uma velhota que te deseja todos os dias, mas que até não ter certeza do que sente jamais correrá pro teu colo, pro teu carro, pros teus braços.
Confusão por confusão, aqui estou. Com as malas prontas. Pintando o quarto, trocando de rua. Tragédia pro tragédia, aqui estou. Dando um final pra coisas que nunca aconteceram. Dando um final pra tudo que me impede de ter mais. E frieza por frieza, aqui estou. Fumando um cigarro, tomando um café e comprando um livro novo. E esperando um novo amor que me faça perder as pernas, mas que nunca me tire completamente do chão, pra que possamos andar juntos, e pra que eu não levante vôo sozinha. Hoje eu decidi começar de novo. Do 0. Hoje eu decidi que não vou esperar meu mundo acabar e que não vou me lamentar por mais ninguém. Nessa de cuidar, hoje eu vou cuidar de mim.
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