sábado, 17 de dezembro de 2011

(...)

Como uma fênix, ressurgiu das cinzas.
Andava descalça sobre o assoalho daquela casa velha que cheirava a naftalina. Andou passos por passos até aquela caixa. A ultima caixa da sua vida.
Sentou-se, o pó ofuscava seus olhos e ela continuava lá, intacta, tentando desvendar a si mesma. O que ninguém , nunca havia conseguido. Continuou..
Lembrou-se as poucos e tão ligeiramente quanto ia tirando as coisas de dentro, lembrou-se do sorriso mais doce que havia vido na vida, e experimentado. E quebrado. Um pouco perigoso, com palavras bonitas, com utopia medíocres. Com olhares fortes e que sempre a fazia ficar. Chorava no canto, abraçado ao seu cheiro. E sempre, em todas as madrugadas de domingos nostálgicos ela voltava. Voltava ao berço, ao ombro e ao colo daquele que conseguia arrancar seu coração do peito e colocar novamente sem dó. Teve um sonho e acordou mais forte ou talvez tenha sido o tempo, o vento. Alguma coisa tinha mudado mas ela ainda estava lá, na esquina de sempre, com o perfume de sempre, esperando o de sempre – que era para sempre, só as vezes. Repetiu com toda as palavras sábias diante do espelho “ O diabo prometeu você pra mim e eu prometi que vou fazer você sofrer. “ E fez, e ele rastejou do mesmo jeito. E enlouqueceu, e se trancou e sentiu. Sentiu levemente cada poro da sua pele se rasgando e caindo como carne podre no chão. Como se a ponta da faca cortasse aos poucos seu peito, esfolando os dedos, o abdômen e tudo o que poderia haver ali. Ela sabia, e ele também – nunca, nenhum dos dois iriam esquecer daquele dia. Ela estava lá, sobre a atmosfera de um mundo revirando, amando perdidamente aquele cara com calças largas e palavras bonitas. Estava lá, partindo por dentro, querendo abraçar e dizer o quanto o amava. Mas não o fez, porque não era como antes. Colocou suas botas vermelhas, seu casaco, olhou de cima e virou as costas – para sempre – Ele se ajoelhou e desistiu. Pois sabia que depois que ela o crucificou, havia levando consigo seu coração e o que restaria agora seriam apenas o álcool, cigarro e a embriaguez em um bar qualquer. Seria mais um cara vagando no tempo, levando a vida como um sopro. Aquela mulher, que parecia ser tão mansa tinha acabado de levar sua vida. E ele sabia que ela a jogaria na primeira lata de lixo que encontrasse. Ela se importou demais, você a quebrava aos poucos. Quando tentou fazer o mesmo e ser sincero uma vez na vida.. já era tarde. Viu só as botas vermelhas, o sangue pingando no chão e sua ultima garrafa de wisky. Aquela mulher – era o diabo. 

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