Mais uma vez me vi perdida em sorrisos naquela sala fria e vazia, outra vez em teus braços. Era estranho a forma como me aquecia, suas mãos doces entre minha cintura, teu olhar, aquele cheiro que eu conheceria e reconheceria daqui a mil anos, eu estava dividida, entre a culpa e o erro, uma sensação confusa de amor ou tesão. Me abraçou forte, me ligou todos os dias daquela curta e permanente semana, recebi textos, palavras e saudade. Acabou-se o dia, foi você, ficou a saudade, fiquei eu. Mais uma vez me vi ali, tomando alguns copos de vinho enquanto o vento batia minha janela, e você ao lado, aquele que eu tanto nego e que nem quero. Estive perdida ao acordar no dia seguinte. Eu tinha me rendido a você por pura e só carência. Chega a soar ridículo. Logo eu, tão durona e machona, agüentando e segurando o que vier, me tombei outra vez. Deixei morder, quis morder. Deixei sentir, e te usei em mais uma das minhas noites solitárias. Minha carência afetiva já esta me levando ao poço, me levando aos braços. Me sinto bem, normal, mas é estranho e vazio. Brigas e discussões que para mim não fizeram a mínima diferença, hoje, me fazem pensar outra vez. Eu lembro e meus dedos não começa a estalar, muito menos meu corpo a tremer. Como se tivesse passado, mais um sentimento platônico chegando ao fim. É como se eu te amasse e fosse loucamente apaixonada em todas as vezes que eu tivesse embriagada entre a musica alta em meus tímpanos e o álcool em meu sangue. Como se eu movesse montanhas pra te ter ali, me envolvendo em caricias amorosas e falsas promessas. Ando me cansando, de beijos sem vontade, tesão d-e-faz-de-conta- e essas meias palavras que terminam-se depois que eu passo pela porta do bar. Tenho muitos e não tenho ninguém. É isso que me dói hoje, essa falta de alguma coisa que me faça ficar. Essa falta de amor ou carinho, ou vontade. Eu te amei durante todas as noites que se deitou comigo e me olhou enquanto sorria. Eu te amei todas as vezes que me pegou no colo ou me abraçou como se o mundo fosse acabar. E depois eu nem lembrava mais o seu nome. A verdade é que eu nunca fui apaixonada por você. Eu fui apaixonada pelas coisas que você fazia. Essa carência que me faz agarrar postes e barrancos. Essa dor inexistente e completamente fria. O ridículo da vida é amar demais. O ridículo da minha vida, é não ter a quem amar. O problema não é não conseguir sentir, mas sim, não ter por quem sentir. Quero telefonemas na madrugada, abraço apertado, dedo na lua, perfume forte e esconderijos. Quero que me faça tremer, me faça pensar que vale a pena estar aqui, que mude meu mundo de mundo, que vire-me de ponta cabeça. Que me faça ficar. Por favor, que me faça ficar um pouco mais. Esta chovendo agora, essa neblina que me deixa um tanto quanto cega, me faz ficar ainda mais gelada do que meus pés – de morto – O caminho acaba, e é nesses dias que as coisas parecem pior. Tudo bem menina, o importante é o quão isso te faz sorrir e SÓ. Tudo bem menina o importante é quanto isso faz teu coração vibrar. E me diga, o que é que faz meu coração vibrar? O mundo esta passando e eu só lamento por ser assim. Preciso de alguém e não de mudanças. Ou talvez eu esteja completamente errada.
Foi isso, você sabe. Foi isso que me levou até você depois de tanto tempo, se aproximou demais, insistiu demais. Eu o beijei. Naquela noite fria, na hora que eu quis. Você sabe que sempre estará aqui, se eu quiser. Mas esta na hora de partir, me cansei até mesmo desse brinquedo. Me cansei até mesmo dessa sensação maravilhosa que é tê-lo quando quiser. Eu nunca quis você, eu só precisei de você. Você precisa de mim, tanto quanto eu de ti. E mesmo longe assim, eu preferia essa voz pra me fazer dormir. No telefone esta escrito “ Hey bocó.. “ E não é isso que eu queria, porque o ‘bocó’ só me serve quando tu não estas aqui. Você já se perguntou que pode estar servindo apenas para tapar buracos? Como diz Caio “ Não sei se cheguei a ver você completamente como outra pessoa, ou, o tempo todo, como uma possibilidade de resolver minha carência. “
E não fui verdadeira, nem com você, e nem com você. Me desculpe, eu me perdi, e talvez se algum dia meu coração vibrar outra vez eu possa voltar. Mas agora é tarde demais, será sempre assim, procuro alguém que não existe em corpos que já me acostumei. E quanto ao meu sentimento por ti, bem você sabe. Você sabe.. Agora só feche a porta e me de a chave. Eu voltarei depois de umas taças de vinho ou uns goles a mais. Deixe-me entrar, porque eu preciso de você, tanto quanto você precisa de mim.
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