Perder para dar valor.. tão clichê e um tanto quanto pacifico. Não sei se foi hoje, ou se a muito tempo já carrego essa saudade comigo, dentro desse peito apertado e dessa cabeça que só tem espaço pra memórias com sede, com falta. Lembro como se fosse hoje daquele verão, e dói, mais do que eu pensei que pudesse suportar. Como se naqueles dias eu tivesse a certeza de que nunca iria acabar. E acabou. Ninguém sabe ao certo como ou quando, se foi culpa das pessoas ou do clima frio e gelado. Tenho na minha gaveta fotos, as quais hoje eu olho e sinto uma puta nostalgia sem sustento. Me sinto um pouco perdida quando me olho no espelho e começo a chorar. As lágrimas saem sem ordem ou permissão. Elas simplesmente acontecem e terminam em um chão imundo de passados revirados. Talvez só aconteça comigo, mas hoje pela manhã – acordei cedo – peguei uma xícara de café e me sentei na sacada. Uns vinte minutos depois escuto uma gritaria, no começo me assusto – e corro – e encontro. Como se fossem seguidores, como se fossem uma tribo. Deviam ser uns 14. Meninas, meninos, gritos e gargalhadas. Automaticamente me vejo entre eles, e quando abro os olhos de novo, não eram mais eles. Eram nós. Aquela tribo que não tinha índio, aquela família que não tinha sido de sangue. Mas que um dia, entre trancos e barrancos existiu. As fotos já começam a amarelar, e meu coração ainda arde, e aos poucos se termina, uma saudade mutua. Uma falta sem volta. Piscina, praça, centro, banco, fim de tarde, noite, madrugada, comida, bebida, amizade. Nos referíamos a isso e nos resumíamos a isso. Era sempre assim, e sempre iria ser. Até que a morte nos separasse. É como se eu pudesse sentir o cheiro daquele tempo, como se eu pudesse enxergar a gente naquela estrada de fim da cidade, ou então pudesse nos ver correndo na chuva, de biquíni que fosse. Aprendi a gostar de funk, o que pra mim sempre teria sido impossível. Aprendi a admirar mais ainda o por do sol, e principalmente o nascer. Dormíamos ali mesmo, de qualquer jeito, em qualquer lugar. Mas juntos, mesmo que fosse um por cima do outro. Mesmo que fosse no cair da noite, na calçada. Não foi só hoje, tenho certeza. Essa dor esta comigo desde o dia em que tudo se foi, que eu já nem lembro quando foi. Estive lá, intacta, tentando relembrar de tudo, no mesmo banco, no mesmo lugar. Mas havia algo diferente desta vez. A grama estava viva demais, o que significara que ninguém havia estado ali diariamente. E não era só isso, me sobravam lugares no banco e eu não via ninguém sentado ao chão. O céu estava escuro, não tinha mais o cheiro, e muito menos o gosto daqueles fim de tardes. As coisas haviam mudado, sumido. Pessoas que antes dividiam segredos, medos e felicidade. Hoje mal se olham, se cruzam, cumprimentam. E continuam sorrindo, como se tudo aquilo não tivesse existido. E aí surge uma nova galera, novas pessoas, outras musicas. E agimos de forma como se a felicidade estivesse completa, como se tudo aquilo estivesse no seu devido lugar. Mas mesmo cada um sorrindo por aí, um sabe a falta que o outro faz. E quando escutarmos aquelas musicas, ou quando estiver muito calor ou frio demais. Eu sei – e não me engano – que memórias virão a tona. Ou bem, talvez aconteça apenas comigo. Mas eu sei que nunca, em lugar algum, eu terei pessoas como aquelas, ou viverei momentos como aqueles. Porque o que o coração guarda, ninguém compra, nem tempo algum apaga. Onde quer que estejam hoje, queria que soubessem, daria tudo o que tenho pra ter de novo aquilo tudo, que um dia tive. Aonde foi que nos perdemos?
" Podem me tirar tudo que tenho. Só não podem me tirar as coisas boas, que eu já fiz pra quem eu amo. "
Lindo seu blog amei,to seguindo ja querida,e sempre estarei por aqui a te lêr e comentar,deixo aqui meu blog se gostar siga meu cantinho é seu cantinho também bjinhoooooos de bom dia!
ResponderExcluirhttp://julikotona.blogspot.com/
Obrigada, e vou seguir sim :D
ResponderExcluir