Não preciso de ninguém, me dou bem sozinha, me viro, nem que seja de lado na cama. Dou um jeito, nem que seja jogando em um canto os problemas. Não preciso de ninguém para ser feliz. Como se não precisássemos mesmo, como se fossemos forte o suficiente. Gostar de um dia solitário em seu apartamento gelado, não quer dizer que queira de companhia a solidão pro resto da vida. A gente enlouquece, deixa a barba crescer, emagrece, seca – de peito, de corpo, de alma – Secamos e nos tornamos folhas no chão prestes a ser pisadas e dar o primeiro e último ‘clek’. Você sabe que a melhor companhia para um bom vinho é outro alguém, mesmo que seja só para dizer que esteve com alguém, mesmo que seja só para largar uns palavrões. E eu ando me cansando, cansada da solidão e também desse povo todo. Cansada da procura sem sucesso e clichê de um “ Feliz para sempre. “ Se bem que nunca acreditei inteiramente nisso, pra mim será eterno enquanto durar e é isso o que irá valer a pena no fim da estrada. Um sábado a noite, meu perfume domina meu quarto inteiro. Uma roupa um tanto quanto atraente, um ótimo salto e uma altura sustentável. Tequilas, quase mil doses. E beijo na boca. O que te sobrou no fim da balada? Um cheiro de alguém, sua roupa suada e cabelo bagunçado. Tem tantos e não tem nenhum. Casada de beijos na boca, caricias passageiras. Momentos insignificantes. Talvez o problema seja na cidade, ou então seja a maldade de nossos olhos. A muito tempo esta assim, mas nem sempre foi. De tanto ir para festas percebi o quanto são sem graça. As vezes precisamos de alguém que nos acompanhe no chá da tarde, alguém que esquente sua mão. Que abrace sem pedir permissão. Que te olhe e mesmo no silêncio te faça sentir segura. Alguém que fique horas observando as estrelas, que te de sensações novas, que te faça desejar. Que te faça sentir, mais do que trocas de saliva. É essa a minha falta hoje em dia. A falta de alguém. Seja quem for, venha de onde vier. Estou tão em paz que quase fui atropelada e nem percebi. Estou tão tipo Zé-zim, sem era e sem bera. Sem desejos, sem missão. Mas transbordando de vida, transbordando de vontade, de sonhos. Sabe aquela bendita e única sensação de uma noite acompanhada de um bom drink, com direito a Lua de figurante.. Eu pedi tanto por uma dessas. Aí abri meus olhos e lembrei que já a vivi. Não hoje, não ontem, mas a um bom tempo atrás. E vi também o quanto a vida é rara. Queria dividir isso contigo, você aí do outro lado do mundo que espera me conhecer. Porque eu sei que em algum lugar do mundo existe alguém que quer o mesmo que você. Fosse nas férias, fosse na frente da minha casa. Se eu pudesse apenas te enxergar. E saber quem és. Meu coração cansado de vagar. Cansado de esperar já esta quase adormecendo. Insensato e quase sem gosto algum. Um vazio permanente. Mas nunca espero, só imagino. E lembro. É uma saudade sufocante, ardente. Lembro-me do modo que sorria, e logo eu, que sempre fui louca por sorrisos. Lembro-me que mesmo com medo ainda me protegia. Onde esta você Zé? Onde esta meu Zim.. Não sei. Mas se essa noite eu acordasse entre meu sonho e minha realidade eu pediria que me desce aquela sensação. A sensação que lembro que senti uma vez apenas, mas com a pessoa errada. A sensação que me faça querer desistir desse ‘só’ e correr ao perigo. Bem que já tenho tantos perigos, mas imagine que até eles estão se esvairando sem graça. Nunca precisei de alguém, é o que eu sempre digo. E é ai que sempre minto. Não que eu quisesse sua vida para mim. Eu apenas queria aquela vontade toda. O encontro na escadaria. O vermelho nas maças do rosto. A voz quase gaguejando e você sorrindo da minha sacada.. Mas não que eu quisesse sua alma para mim..
- Vamos lá amor, agora pare de sonhar e só peça um drink.
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