domingo, 24 de abril de 2011

Meio - amor.

Nada mais seria feito, e os dois sabiam. Apenas se abraçaram por longos e eternos que fossem segundos, que talvez valeu por vidas. Nem uma palavra, ou quem sabe alguma um pouco sem sentido. Tinha sido rápido demais, pouco demais. Mas ela tremia só de lembrar, de imaginar, querendo tudo outra vez. Mesmo que não houvesse nada. Porque sabiam que não havia. Não tinha nada ali, nem um sentimento, nem um segredo. Só uma musica, aquela que ela meio embriagada havia cantado em seu ouvido. Durante muito tempo ela tinha aquela euforia – que meio apagada – ressuscitou, e de uma forma veloz, tanto que não conseguia largar. Se concentrar em outra coisa, era quase impossível. Mas era proibido, e nunca seria mais do que aquilo. O que a encantava tanto, nem ela soubera dizer. Talvez fosse feitiço, talvez fosse só por ele ser ele mesmo. Mas sorriam tanto junto, era como uma comédia que não era comédia. Era um espetáculo que todo mundo olhava e admirava. E quando se olhavam, morriam e ressuscitavam na mesma hora, ali mesmo. Se tivesse que escolher um sorriso, com certeza seria o dele. Sem sombra de dúvidas, sem qualquer outro risco de escolha. Se foi errado ter o beijado, ou não, ninguém opinaria. Tanta atração não poderia passar em vão. Mesmo que tudo fosse mera imaginação. Mesmo que fosse uma trágica e gigantesca ilusão. Mas não sentia medo, sentia-se protegida. Talvez fosse a maneira de como ele sabia a segurar quando a chutava. Ou fosse então, por ele ter aquele sorriso lindo que deixaria qualquer uma babando em descontração. Que fosse então só pelo jeito como ele fala, ou ri. Ou como ele a abraçava, e beijava, e a erguia. Ou fosse só a maneira de como a protegia. Não chutarei aqui, maneiras, ou explicações do porque ela não conseguia parar de pensa nisso. Porque nada chegaria perto do que estava acontecendo ali. Tinha muito álcool envolvido, e ela lutava pra lembrar de cada palavra, e chorava, não por tristeza, ou felicidade. Mas porque sabia que aquilo nunca deixaria de ser só aquilo. Aquilo que não é nada forte demais pra fazê-lo ficar ou fazê-la lutar. Mas que é forte o bastante pra derrubar e erguer mundos inteiros. Quem somos nós pra interferir nesse tipo de amor, de euforia e de erro que muitos cometem e poucos sentem. Pudera dizer que fosse só mais um, mais uma noite. Só umas taças de vinho a mais. Pudera dizer que não sentiria saudade, e que aquele sorriso seria substituído em qualquer esquina dessa vida enlouquecedora e certa demais. Não era um erro. Só não era certo. E ela me disse ao longo daqueles curtos dias.. " Se isso for então um pecado, que me faça arder no inferno. Eu quero continuar pecando, a minha vida inteira. Até que eu vire cinzas, até que eu me decomponha. Ou até o dia em que ele sorrir e o meu mundo não cair. Meu coração não bater forte. E automaticamente eu não pensar: Como ele consegue fazer com que meus nervos se exaltem e que meus problemas sumam. " Nunca iremos entender o que acontecia ali, porque subitamente acontecia algo, mas não acontecia nada. E quem se importa em escrever cartas a esse meio amor, que assim, tão de repente, jamais poderá ser, se quer um ‘meio amor’.

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