Queria chegar, sem precisar bater, só entrar. E antes de sair, deixar minhas pegadas no tapete vermelho. Eu queria escrever sobre algo que jamais ousei falar antes, algo que me trouxesse ao ponto de euforia imaginaria, ou algo que me derretesse em lágrimas. Queria saber ao certo um motivo, uma cor, um dia, um assunto. Saber sobrepor minhas mãos ao teclado e deixar que por mero acaso ele soubesse escrever sobre isso que já não aguenta ficar enterrado em mim. Talvez um papel e uma caneta resolvessem tudo. Talvez eu não soubesse escrever. - Mas quisesse. -
A alguns poucos e bons dias eu me encontro completamente completa, feliz, proposta a tudo. No outro, eu nem se quer me encontro, e isso me deixa um tanto quanto triste. Arranjo motivos, grito, sorrio. E não me entendo. Quero brigar, mas também preferiria só abraçar sem colocar palavras ao vento. Em uma volta de 1000 km por hora, o passado bate na minha janela. Se ao menos fosse na minha porta. Mas não é. Ele sempre soube como entrar pelo lado, sem fazer barulho, sem me deixar notar. Só que agora é angustiante, me vejo a alguns meses atrás fazendo o mesmo. Achando motivos, imaginando coisas. E o pior de tudo isso, é que quando imaginamos, de certa forma acreditamos. E depois de acreditar? Sem perceber, ja abandonamos pelo caminho. Amores, pessoas, sonhos. E quando nos damos conta. Já esta tarde demais, o erro foi nosso, e não há como concertar. Porque desculpas, nem sempre vão resolver tudo.
Queria escrever hoje, sobre algo que eu conhecesse, ou sobre o ódio, ou então amor.. ou qualquer coisa. Qualquer coisa que fosse próximo dessa minha dor, dessa minha felicidade, dessa minha indecisão. " Não diga que quer mudar. Mude! " Ousei, cuspi, falei essa frase. Tive medo, não tive iniciativa. - Fracassei - e não queria fracassar. Talvez sozinha eu não tenha conseguido. Mas do que vou reclamar, sendo que naquele dia, eu preferi um passeio sozinha sobre a chuva, do que sua mão entrelaçada nas minhas. Um dia irei chegar até aqui sabendo realmente do que eu falo, sobre o que eu falo. Um dia chegarei aqui com o titulo na memória, com a história feita e sem erros. Só que agora eu não posso continuar. Não é por não querer, eu só não sei sobre o que falar, não sei o que é e como é, se sentir assim.
Estou teoricamente, inconscientemente feliz. Mas também ando tão triste ultimamente. Não sinto saudades, apenas morro de saudades. Não lembro de tudo aquilo, apenas relembro tudo aquilo. Não digo que quero mudar, não mudei. Apenas quero conseguir mudar. Não o meu sorriso, meus gostos, meu cheiro. Mas essa indecisão, essa falta de alguma falta, esse medo de fazer sofrer. Não quero mudar o canal que vejo meu filme preferido, apenas quero mudar de filme. Já perdi tanta coisa, já ganhei tanta coisa. Mas hoje nessa confusão que estou fazendo, eu queria jogar fora, tudo o que não me convém. E queria ter coragem para isso.
Não quero me perder dos meus amigos, ou ficar esperando a vida passar. Quero correr para o que eu desejo, quero realizar. Pra quando eu tiver meus trinta e poucos anos, não precisar ter uma conversa dessas, como a que eu ouvi, por telefone. Tenho medo da solidão, mas as vezes, ela me completa. Ela me entende. Chora e sorri comigo. - Você é a minha solidão. - E por favor dona solidão, por uma vez, eu lhe peço. Não deixei que eu canse de você, não deixe que eu cometa o mesmo erro que cometi a alguns meses atrás. Eu te encontrei, porque você me fez sorrir. Então lhe suplico, entenda meus berros, entenda meus choros. Mas não se assuste. Assim como a tempestade, por trás dela, o sol também existe. E talvez o meu, nem demore tanto pra chegar..
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