Ontem, era o que? Uma e alguma coisa da madrugada.. minha casa parecia tão vazia, me encontrei sentada na sala, diante da monotonia de uma noite solitária. Havia alguém deitada no quarto ao lado, mas minha memória se ofusca demais pra eu conseguir lembrar. Sei que era a escuridão e a claridade da TV e só. Não tinha nada o que fazer, nem em o que pensar, coloquei em qualquer canal, tentando sem perceber, me encontrar. Não sei o numero e nem quem era o narrador. Mas lembro bem da história, e era trágica. - Na maioria das vezes é isso que iremos encontrar. - Talvez era daquilo que eu precisava, daquelas verdades que ali se encontravam. Mulheres vendendo seus corpos por 10 reais em qualquer que seja a estrada da vida. Isso me faz perguntar aonde foi parar a nossa dignidade, aonde foi parar o nosso amor próprio. Havia ali, tias vendendo sobrinhas, havia familiares vendendo familiares. Muitas vezes por 'um banho quente.' Isso me traz revolta muitas vezes, penso que não é justo ter que ser assim. Mas sei que cada um faz a escolha que quer, sei também que ninguém têm a vida que queria e que talvez ninguém conhece se quer a própria dignidade. Crianças sendo abusadas, a justiça não faz nada, fazendo assim com que a gente chegue a desacreditar nela. Vimos tanta injustiça, tanta falta de humanidade, tanta falta de AMOR. Vimos tantas lagrimas, em olhos de crianças de deviam nem saber o que é tristeza. Hoje eu enxergo realmente o mundo que estamos, hoje eu entendo que não podemos parar no tempo. Porque a vida nunca vai nos esperar. Temos sempre que correr atrás daquilo que queremos. No próximo episódio, onde meus olhos já se encontravam embaçados por tanta tristeza que me rondava depois de cada palavra que se foi ouvida. Ainda vi uma luta. Uma mãe e uma filha. A mãe dizia já não ter sonhos porque depois de tudo que ela tinha passado pra ela eles já não eram possíveis. Me surpreendi, mas acreditei. O que doeu em mim, mesmo sem conhecer, foi quando a criança de 10 anos de idade falou que não tinha sonhos, porque ela sabia que de nada adiantaria ficar sonhando com alguma coisa, sabendo que o que ela tinha era e seria só aquilo pra sempre, disse que parou de estudar, pois isso não ajudaria de nada, ela teria que continuar ali sentada sobre o barro descascando mandioca. O tempo iria passar e ela não podia perder tempo sonhando, porque ela precisa dos 4 reais que ela recebia por semana. E ae eu pergunto: " O que pode se esperar de uma pessoa, que não pode sonhar? " Aquilo realmente tocou em mim, entendo as pessoas perdidas pela rua, entendo a pobreza e a falta de vontade, mas como pode ser possível alguém não sonhar, como pode ser possível alguém não querer alguma coisa. E a única certeza que aquelas duas teriam, era que daqui a meia hora, elas voltariam para o chão, envolvidas descascando mandioca. La naquela distante cidade, onde não havia amor, nem água encanada, apenas lama. La aonde existiam pessoas com necessidades e lá aonde não se encontrava, nenhum sonho. Ver que toda vez que o sol nasce é um dia a menos para eles ter que agüentar, ver que cada tempestade que dava é uma alegria a mais, por receber água do Divido. Ver que as pessoas chegam a tal ponto aonde dizem ' tanto faz estar morto ou estar vivo, eu nunca soube mesmo o que era viver de verdade. ' A tristeza me tocou tão fundo, que eu comecei a ver ao meu redor, e perceber o quanto eu sou feliz. O quanto eu quero realizar meus sonhos e o quanto eu não saberia viver sem quem eu amo. Talvez algum dia o sol brilhe mais forte para eles, e a esperança volte a nascer. E eu sei que desde ontem, eu pedirei todos os dias a Deus, pra que mostre-os o quanto a nossa vida e bela, e que apesar de tudo, sempre podemos correr atrás do que queremos. Porque sentar, esperar a morte é algo inadmissível. Precisamos criar a nossa própria luz, pra assim, tentar iluminar nem que seja, apenas um olhar.. nem que seja, apenas o nosso.
" Não importa qual Deus você escolher.. mas precisa acreditar em algo. Mesmo que seja só em você. "
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